O dia em que mudei de casa - minha mudança para Portugal
Foto tirada por Manu Rigoni @manurigoni |
Depois de 10 meses morando em Portugal, por opção, decidi compartilhar um pouco a minha experiência.
Sempre digo que o Blog é de viagens, e por isso, pouco apareço nas redes sociais ou mesmo em fotos publicadas por aqui.
Mas... achei que seria válido dizer um pouco sobre a minha mudança, e o que mudou em mim, e que no final, tem sido a maior viagem da minha vida!
Vou começar pela decisão. Há dois anos, aproximadamente, eu e meu marido começamos a pensar em nos mudar do Brasil, pensando especialmente nos nossos filhos, que são pequenos adolescentes. Independentemente de opções políticas, religiosas ou o que mais pensarem, realmente concluímos que em um espaço de tempo mediano, e por causa de vários problemas, seria melhor proporcionar aos nossos filhos viver em outro país.
Decididos a nos mudar, passamos a pensar para qual local iríamos. Eram muitas as variáveis, e não dá para excluir aquilo que é fundamental para nossa família. No nosso caso era a distância do Brasil, o clima, e a possibilidade de xenofobia.
Portugal era nosso melhor destino. Já conhecíamos desde 2006, quando estivemos por cá, e especificamente em Cascais. Desde aquela época, nos apaixonamos pelo balneário e já pensávamos em um dia voltar. Este dia só veio antes do que pensei.
Por coincidência, um casal amigo morava aqui ao tempo da decisão, o que nos ajudou em muito a confirmar as nossas expectativas e decisão de mudança. Decidimos ir para Portugal em agosto de 2017.
Mudar parecia simples. Especialmente por que sabia que era o melhor para minha família.
Tudo ficou difícil a medida em que o tempo do fatídico dia 13 de agosto de 2017 se aproximava. Aos poucos fomos contando para as pessoas mais próximas, e a parte mais difícil foi dizer aos meus avós, que sempre foram meu porto seguro, e agora estariam longe. Vi as lágrimas rolarem dos olhos da minha avó, a mulher mais forte com quem já convivi. Vi o chorão do vovô dizer: eu te carregaria nos braços sempre, mas se isso é o melhor para vocês, vá, por que filhos são para o mundo.
Me fiz de forte, mas acho que foi o dia mais difícil da minha vida.
A partir dali, todos os dias trabalhamos para a mudança. Conversa com o Colégio, locação do imóvel, abertura de conta em banco, venda de veículos.
Fiquei até quase o último dia no trabalho. Ele me deixava manter a sanidade e não pensar no que eu deixaria no Brasil. Foi uma despedida emocionada, porque quando se trabalha com pessoas queridas, parceiras, é difícil dizer adeus.
Tive despedida surpresa organizada pelo meu marido. Me senti ainda mais amada.
Se tem algo que esta mudança fez por mim foi me mostrar como sou rodeada de pessoas calorosas, amorosas e amigas. Fiz escolhas muito certas quanto as minhas amizades.
Na véspera da viagem, meu marido tocou com sua banda, e mais uma vez, vários amigos por perto.
Decidi que não seriam despedidas, mas meros "até breve". Me conscientizei de algo que não sabia: odeio me despedir. Gosto de gente, e cada despedida parece um fim. Não me despeço. Sei que logo encontro novamente, mesmo que este logo dure alguns meses.
Chegado o dia, no aeroporto, minha maior surpresa foi a presença de uma amiga do meu filho, que não tinha conseguido estar com ele antes. Foi até lá, com um presente dar um abraço. Não há nada no mundo que deixe uma mãe mais feliz do que ver seus filhos felizes.
Viagem realizada. Novos olhares, oportunidades, expectativas.E logo que cheguei falei da mudança no Capixaba na Estrada! Já leram?
Foi aqui em Portugal que descobri que saudade dói. Mas dói de um modo sem fim. É uma dor na alma, que atinge o corpo, que deixa as lágrimas correrem soltas, sem saber exatamente por que, ou por quem. Só dói.
Mas foi aqui também que descobri que o amor atravessa oceanos, todos os dias. Atravessa de avião, pelo telefone, com uma mensagem nas redes sociais.
Descobri o valor de perguntas simples, como: "Vou a Portugal, quer que eu leve alguma coisa?" ou mesmo da frase: "Estou em Portugal e queria te dar um abraço." Isso demonstra uma consideração inimaginável.
Foto por @ManuRigoni |
Neste período, ingressei em um mestrado - para o qual tinha feito processo seletivo desde o Brasil e já tinha sido admitida. Fui surpreendida o tempo todo. Primeiro pela idade dos meus colegas de curso (todos muito mais novos), segundo pela simplicidade de alguns professores, mas por outro lado, pela arrogância de outros. Foram muitas adaptações à minha vida.
Eu brinco que fazer um mestrado é o mesmo "tomar um caldo" no mar: você tenta se levantar e outra onda te derruba, só tem o tempo para pegar mais fôlego e não morrer afogado. É bem isso.
Recentemente até li uma reportagem sobre depressão em mestrandos e doutorandos. Não falo para desestimular, mas para saber que é preciso, além de estudo, força e apoio emocionais. Falei sobre o mestrado no blog As Passeadeiras, vale a pena ler.
O mestrado tem sido ótimo para manter a mente ocupada e evitar pensar na distância. Nunca imaginei fazer, mas quem manda no destino, não é?!
Quanto ao país, é preciso não se esquecer que, mesmo Portugal, é um país totalmente diferente do Brasil. Outra cultura, e até mesmo outra língua - não fazem ideia de como há palavras diferentes e também falsos cognatos (perigo!!) - mas sobre isso eu ainda vou escrever.
Depois de todo este período, eu posso dizer que sempre devemos viver nossos sonhos, e não os dos outros. Mudanças são bem vindas, nos fazem crescer, mas se não for por algo nosso, as frustrações e problemas do caminho se tornarão muito mais pesados e difíceis.
Quando vejo em algumas redes sociais perguntas sobre o que levar na bagagem, do que sentem falta, se há calças jeans, levo Toddy ou não na mala... eu penso que a pessoa deveria rever a decisão de mudar. Se há algo muito essencial e que só existe no Brasil, você não conseguirá viver bem em nenhum outro lugar do mundo.
E se isso é tão essencial, talvez isso ocorra porque você esteja colocando pedras no caminho para justificar permanecer onde está. Se é seu sonho, são estas pedras que te impedirão passar? Ou o sonho não é seu?
Se eu me mudaria novamente? Por que não? Hoje, sinto-me realizada em proporcionar à minha família à paz que sempre quis e que eles merecem.
Esta mudança me permitiu fazer novas amizades, conhecer lugares, e até me dedicar mais ao Blog! Mas, tenho certeza que a maior mudança não foi de casa ou país, mas de concepções, de conseguir ver o que realmente mais tem valor nesta vida. Tenho muito a aprender, mas estes últimos 10 meses foram um salto gigantesco quanto a isso.
Por fim, é claro que a saudade não acaba, mas ela fica guardada, e faz visitas periódicas. A diferença é que sei lidar melhor com ela.
Foto tirada por Carol Andrade @carol_andrade_fotografia |
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